Ainda na clausura, todas as experiências que vivo chegam até mim por luzes emitidas por caixas, ou ligadas a uma antena ou ao computador. Fico absorto por esta situação, é um paradoxo incrível, pois estando eu na minha quarentena, sem contato direto com o mundo exterior, tenho a minha frente estas leituras de conjunturas sociais, políticas e culturais, que me iludem dizendo que deste modo faço parte do todo.
Como designer penso na interface, essa comunicação entre o meio e pessoas como eu, e a importância disso. Começo a pensar que poderia salvar vidas, criando algo que mantenha o interesse dessas pessoas em tentar fugir da alienação. Viver em sociedade através da conectividade da tecnologia, algo como novas relações pessoas e realmente habitar um mundo em que as pessoas estão On ou Offline, aliás, isso é outra coisa que discutirei depois, o offline.
Através desses novos laços participei, apenas ontém, da dor dos judeus no Gueto de Varsóvia, celebrei o reecontro do amor de dois velhinhos, além de maravilhar-me com as aventuras dos incríveis, isso tudo eu acho impressionaria um pescador que durante toda uma vida conhece apenas o mar.
E as percepções? Como foram? Na verdade não são minhas, alguém já mastigou e entregou uma massa pronta para ser engulida, não me dão a oportunidade de refletir e dialogar, querem apenas que eu absorva suas idéias e concorde com suas soluções. Claro que prontamente obedeço, faço tudo, qualquer coisa, para não ficar alienado do mundo dentro do meu quarto sem poder sair, sem desfrutar de experiências...
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