11 de dez. de 2006

Totalmente relaxado, mas não desleixado...

Toda aquela ânsia e vontade de saber o que acontecerá amanhã simplesmente se esvaiu. Como um calmante potente essa paz que agora me guarda traz-me de volta às coisas simples. É algo um tanto dificultoso de ser explicado mas que me alegra em tentar passar-lhe a receita. Sempre fui em busca de verdades, em pensamentos alheios ou em meus próprios. Mas o que acontece é que a verdade anda ao lado, quase que gritando aos nossos ouvidos para que à ela seja dada atenção. Ela é tão expressiva que o mundo inteiro foi mudado por seus atos, sobrepondo barreiras e fronteiras. E é antigo, tanto quanto a memória escrita de seus acontecimentos, apenas não lhe damos ouvidos por acharmos tudo muito simplório, abstrato e inconciso. O que pode ser mais conciso que a paz interior? Aquilo que sentimos é a maior verdade, tentar racionalizar as coisas nada mais é que temer as mudanças que possamos atravessar sem plano algum. Viajar sem mapa, percorrer estrada apenas porque assim nos foi mandado, isso pode parecer insensatez, mas a paz que isso nos traz, saber que existe alguém, mais capaz do que nós mesmos, e que esse alguém se importa com o que penso e o que desejo, isso é a verdadeira paz.
Lembra quando era criança e não precisava se preocupar com as coisas necessárias a vida, seus pais lhe proviam com o que necessitasse ou com o que desejasse, apenas para agradá-lo, para fazer com o seu sorriso ficasse cada vez maior e brilhante, é dessa paz que estou falando. Nos dias de hoje, confiar em alguém está cada vez mais dificil, ainda mais depender de alguém. Mas quando se entende que desse alguém e necessário depender, e que Ele nunca vai te abandonar, a paz invade.
Espero parecer o mais insensato e louco para quem lê, mas guardo também a esperança que a sua curiosidade o faça vir atrás dessa paz que a todos é disponibilizada.

7 de dez. de 2006

Não é meu normal, mas vamos lá!

Não costumo fazer isso, tento sempre parecer o mais recluso e distante possível da realidade cotidiana da vida que todos nós levamos, mas eu também sou um ser humano, apesar da linguagem alienígena. Nesta semana, assisti pela primeira vez ao filme Diários de Motocicleta, e fiquei deslumbrado com a beleza da fotografia, da montagem e do roteiro do filme. É de tirar o fôlego todas aquelas paisagens andinas, principalmente dos takes executados em Machu Picchu.
Mas como sempre fui, e espero continuar sendo, crítico ao extremo, me entristeceu que a motocicleta não chegue ao meio do drama, afinal era uma Norton. Mas retomando ao que considerei importante, é impressionante a forma como é exibida a evolução da mente de Ernesto Guevara, não sendo ele ainda o "Che". Foi algo admirável o uso da narrativa que se baseia em um jovem comum, com sonhos comuns(vontade de conhecer o mundo, ver coisas diferentes, estar onde os pais não estiveram), mas que com o passar das situação e através das revelações, principalmente as percebidas durante sua passagem pelo Peru, que o mundo não era algo tão belo quanto ele mesmo tinha notícia.
O que me fascina é como a vontade de mudar o mundo tomou a mente de Guevara. Era algo que ele já tinha dentro de si quando criança, afinal todo médico, ao menos no início, pensa em sê-lo para ajudar ao próximo, mas que em vista às necessidades dos povos andinos foi incendiando a consciência dele. Pensar no outro, pensar na comunidade, pensar nos povos, o esquecimento do eu parece ser algo impossível para mentes moldadas por marketing e publicidade como a minha. Dane-se o outro, eu quero isso, é a frase mais corriqueira nas mentes imperializadas. Eu mesmo não escapei dessa linha de montagem, posso parecer o mais reacionário mas ainda guardo dentro de mim a vontade do consumo e de possuir objetos, coisas e até pessoas.
Que seja isso algo natural, mas que vai sendo exacerbado ao longo de natais ninguém pode dizer que não. Filantropia nos últimos dias não passa de limpeza mental, ou de uma forma de pagar menos impostos, ou ainda de uma manipulação da massa necessitada, como o que vemos nesses "Centros Comunitários" criados por candidatos a políticos ou outros crápulas.
Mesmo que não cheguemos a patamares de Ernesto "Che" Guevara, que hoje é idolatrado como Cristo, mas que possamos lembra que dentro de cada um existe a vontade de ajudar o próximo. Não há como o Brasil ser um país melhor se não houver equilibrio entre as classes, não quero dizer que devemos ser todos iguais, até porque aqui isso é impossível, digo que precisamos de uma sociedade onde os mais pobres não sejam explorados a ponto de se revoltarem e atacarem as outras classes por não visualizar outra saída.
Sociedade justa não é uma sociedade igualitária, e sim uma sociedade onde a indignação na subjulgue o respeito, tanto pelos outros quanto pela lei.

1 de dez. de 2006

Essa vida é uma graça, apesar das desgraças

Aquele velho jargão de que o mundo dá voltas nunca foi tão verdadeiro como agora. Pensamentos e convicções que possuia a certo tempo, e por causa desse tempo foram esquecido, ou mesmo deixados para trás voltam agora como verdades absolutas e inexoráveis. Não que estivesse certo naquele momento, estava era completamente errado, pois tinha a resposta para uma pergunta que ainda não havia sido perguntada.
A ansiedade sempre chega antes, é como se ela fosse metrô e eu de ônibus. O trânsito, ou seja, todas as variáveis que não nos permitem pensar com clareza, fazem com quem o bom discernimento e a sabedoria se atrasem para o encontro com o cérebro. É por isso que todo mundo fica mais sábio quando velho, a sabedoria e o discernimento já conhecem o percurso, e por isso saem mais cedo.
Pensar que estou certo é errado, aliás, mais que errado, é estupido. Como poderia estar certo se nem ao menos conheço tal verdade. Eu na verdade acredito que o certo existe, mas não aqui. Ele é de outro lugar, um lugar onde as ações são julgadas de forma diferente, e pesam em suas consequências de formas diferentes também. Não sei nem se estou certo disso, mas acho que o certo mesmo é tentar não errar, mesmo que não acerte.
Mas tudo bem, tem sido prazeroso percorrer o caminho até aqui, olhando pelos olhos de quem vê da platéia, acho que não tenho do que reclamar. Comecei esse jogo com boas cartas, talvez não muitos trunfos nem muitos pontos, mas dá pra chegar a rodada final com algum crédito na banca.
Quando penso como terceiro vejo que se reclamasse seria injusto, seria totalmente errado, e disso estou certo, ainda discordando de mim mesmo.