A mídia realmente é algo fantástico. O poder de condução da massa é comparável ao do pastor dirigindo o seu rebanho, mas com um diferencial importante: ninguém sente a "porrada" do cajado. Nessa semana se encerrou mais uma Bienal do Livro aqui no Rio. A massa compareceu em peso. Fomos ver os grandes nomes da literatural nacional e francesa, será? Com tantas palestras e sua maioria artistas da mídia televisiva eu me questiono quanto ao propósito das pessoas. Corredores lotados, estandes albarroados e preços absurdos, assim se faz um evento para todos.
Eu, como de praxe, saí de casa com um objetivo traçado: "Como Me Tornei Estúpido" de um escritor francês que não se chama Pierre. Mas como consumidor antenado, busquei na web o preço do livro. Pronto estava e esperançoso de conseguir um ótimo produto por um preço impecável. Que frustração!!! E não me venha dizer que cultura não tem preço, tem sim e não é para todos, a não ser que seja cultura espírita por apenas 3 reais.
Que maldição, pensava enquanto tentava sobreviver ao formigueiro humano e ao caos da falta de modos dos transeuntes. Estava preso aquele inferno de palavras e versos banhados a tinta. Mas como nem só de pão e livros viverá o homem, saí a busca de algo para saciar a sede. Depois de muitos esbarrões e pedidos de desculpas respondidos com ofensas cheguei a um mini-trailer montado sobre caixas e sacos de gelo e indaguei à vendedora: Por favor, quanto custa o guaraná? Sabe aqueles guaraná-naturais vendidos em copos descartaveis. Foi então que veio o golpe de Brutus, a mulher de trás de outras pessoas amotinadas, restos de plásticos e de um engradado gritou: Dois real! É claro que não estou aqui para falar de concordâncias da lingua portuguese, estou aqui para relatar o acontecimento matemático. Você entendeu? Ela disse dois reais, em produto que no dia-a-dia é cobrado sessenta centavos.
Agora vem a confissão dos pecados, não me contive frente a tamanha indignação. Além de distanciar o povo do saber e do mundo intrigante da literatural universal, 'eles' ainda tentavam matar o povo de sede. Mas o povo é perseverante, "não desiste nunca!" e compra o guaraná, não eu, eu fui beber coca-cola, mas a massa refrigerava-se satisfeita com o a bebida áurea e valorosa, e sentia-se disposta a mais um pavilhão percorrer.
Palmas para os investidores, expositores e vendedores da Bienal do Livro, eles, assim como Moisés, conseguem tirar água da pedra, ou será doce da criança?