30 de abr. de 2005

Estática versus Cinética

Ao longe a cidade parecia calma, do sétimo andar vejo o Rio depois da Baía e parece tão calmo, mesmo com as colinas cobertas de pequenas moradias, a fumaça cobrindo a praça XV. Os único sons que ouvia eram os de barcos passando e a revoada de garças e urubus que criavam o contraste máximo de cores.
Distanciamento pode ser uma tática de análise, livrar-se do stress de estar no meio e espandir a visão, enxergar o todo. Mas isso só funciona em tese pois perde-se todo o senso de integração e as sensações que se criam por estar participando da fisiologia do ambiente se anula quando separa-se do organismo.
Muitas vezes tentamos aplicar a técnica do distanciamento ao cotidiano, queremos uma experiencia extra-corporal que nos explique o caos que se sucessede. Talvez se buscassemos entender o nosso funcionamento dentro do todo, analisar as funções que precisamos desempenhar e procurar por falhas na execução dessas atribuições teríamos a resposta que necessitamos, ou alguma direção a seguir.
"Um bom computador e um carro veloz pra me manter distante de mim", eu ouvi isso numa música e me despertou algo que fazemos quase que inconscientes. Fugimos de nós mesmo, inibimos nossas vontades e necessidade suprimindo-as com materias que possam desviar nossa atenção de nós mesmos, dói menos se pensarmos em outra coisa.
Aplicamos medicações que não passam de placebos, não surtem efeito contra o mal mas no fazem sentir bem pois estamos "sendo medicados". O poder da cura que criamos está ligado a nossa força de negação do problema. Não estou doente, grita nossa mente. Não queremos perceber o problema que nos consome por dentro.
Busquemos então a verdadeira cura, o fim da hemorragia que toma nosso interior. Percebendo o papel que desempenhamos dentro do sistema, e como esse sistema nos influência, nossas conexões com o externo e do mesmo conosco é que, acredito eu, poderemos encontrar novas formas de 'funcionar' nessa grande engenhoca da vida.

28 de abr. de 2005

Devo Não Nego, Pago Quando Puder!!!

Voltei a rotina massacrante e fiquei devendo dois dias de escritas incoerentes aqui no blog, mas como ninguém lê não há grandes problemas. Em 4 dias já foram projetos, provas, seminários, e desenvolvimentos de novos projetos, fora os "freelas", mas não estou reclamando só monologando com meus botões.
A vida volta aos eixos que nunca quiz que existissem, tudo volta a ser corriqueiro e momentâneo, passageiro, como minhas horas no caminho para a universidade. A observação das coisas precisa agora ser mais minunciosa e atenta, pois nada espera pelo olhar perceptivo e analítico. Tento procurar questões no cotidiano para que sirvam como tema de discussão, não apenas aqui mas em futuros projetos que atentem a questionar a sociedade em seus atos. Não que eu tente ser o "Senhor da Verdade", bem que eu queria, mas são apenas observações críticas que resultem em respostas objetivas para os problemas que vivenciamos.
Hoje um colega meu apresentou seu projeto final de curso, e uma coisa que ele disse me tocou bastante, em seu último esforço na faculdade o aluno tenta dar algo de troca a sociedade que o manteve na instituição. Isso é fundamental, eu tinha ouvido antes a expressão: "devolver ao Brasil", mas como andava tão irado com o governo confundi a nação com um bando de lacaios que a destroem. Quando troca-se Brasil por sociedade tudo começa a fazer mais sentido e me sinto como que obrigado, não que isso seja ruim, a criar e desenvolver algo que auxilie a sociedade a encontrar um novo rumo para as coisas.
Por isso o exercício da observação analítica se aumenta agora, preciso encontrar algo na sociedade que eu possa explicar e tentar resolve-lo usando as formas que aprendi a raciocinar na faculdade. Me sinto mais responsável agora e espero cumprir com glórias, não para mim mas para o esforço, essa minha iniciativa.

25 de abr. de 2005

Finalmente Outside

Após duas memoráveis semanas de detenção e aprisionamento finalmente sai, fui ao Centro do Rio, local de caos e desordem que eu adoro. Tudo bem que o motivo não foi lá grande coisa mas os fins justificam os meios. Sinceramente eu estava preocupado em ser assaltado, eu tava andando como turista, olhando para o alto dos prédios, circulando praças, até fiquei no meio do rapa.
Eu ainda não sei se foi só leseira minha ou se eu perdi meu arquivo mental sobre o Centro, parecia tudo novo e tão bonito, eu estava tão extasiado que quiz ajudar um casal de estrangeiros perdidos, mas eles fugiram de mim, eu fiquei imaginando como seria o diálogo, na verdade nada produtivo.
Essas absorsoções que nos tomam de repente e nos levam a um patamar desconhecido são fundamentais para a renovação de perspectivas das quais tanto falo. Não é uma questão filosófica, nem uma nova metodologia de vida, é apenas uma nova observação dos espaços e situações cotidianas que intensificariam a rotina levando-a a uma metamorfose constante.
É como ver o sol nascer todo os dias e buscar nas peculiaridades do momento sua diferenciação do anterior. A diferença cria valor, e o valor compra espaço na memória para alocação de percepções e sentimentos realizados naquele momento de esplendor.
Foi ótimo voltar ao Centro hoje, especialmente hoje, segunda-feira, onde todos estão dispostos, mesmos que involuntariamente, e o dinamismo da cidade é um tanto quanto particular. A segunda transpira esperança, confiança num futuro próximo e vontade de "correr atrás". Espero que minhas percepções também se renovem todas segundas-feiras.

24 de abr. de 2005

Sunday Bloody Sunday

De dentro do prédio ouvindo aquele debate de uma pessoa só, onde todos falam e todos concordam com tudo, eu olhava para aquela árvore e só conseguia pensar nas aulas de desenho e naquela árvore que fiz que mais parecia o cachorro da Mônica, todos os tons de verdes, o inalcaçável preto absoluto e brilhos e reflexos brancos dos quais eu nunca lembrava. A natureza e tão mais perfeita e completa, independente, flexível e inteligente. Imagine se a natureza fosse uma empresa, repare nos produtos, na sua eficiência, na função, na personalização para cada público alvo, é de dar inveja a qualquer empreendedor desse mundo. Mas no final ela não nos cobra nada, apenas que retornemos ao fim da vida. Nada mais que o justo, indiscutível.
Pena que não percebo isso com mais constância, não me lembro da importância de avaliar o papel da natureza. Queria fazer mais, não como os loucos do Greenpeace mas apenas respeitar e autoconscientizar-me das minhas funções no meio desse ambiente, já que me considero parte dessa natureza.
Não espero evitar o fim da Amazônia ou de qualquer outra expressão da natureza, pois eu mesmo estou me extinguindo, a cada dia chego mais próximo de entrar para aquela lista do Ibama. O importante seria antes de ir recuperar o meu papel no meio disso tudo, a meu nicho no meio desse ecossistema de plantas, animais, idéias e éter.
Deus salve o éter!!!

23 de abr. de 2005

Nunca gostei de Aliens!

Ainda na clausura, todas as experiências que vivo chegam até mim por luzes emitidas por caixas, ou ligadas a uma antena ou ao computador. Fico absorto por esta situação, é um paradoxo incrível, pois estando eu na minha quarentena, sem contato direto com o mundo exterior, tenho a minha frente estas leituras de conjunturas sociais, políticas e culturais, que me iludem dizendo que deste modo faço parte do todo.
Como designer penso na interface, essa comunicação entre o meio e pessoas como eu, e a importância disso. Começo a pensar que poderia salvar vidas, criando algo que mantenha o interesse dessas pessoas em tentar fugir da alienação. Viver em sociedade através da conectividade da tecnologia, algo como novas relações pessoas e realmente habitar um mundo em que as pessoas estão On ou Offline, aliás, isso é outra coisa que discutirei depois, o offline.
Através desses novos laços participei, apenas ontém, da dor dos judeus no Gueto de Varsóvia, celebrei o reecontro do amor de dois velhinhos, além de maravilhar-me com as aventuras dos incríveis, isso tudo eu acho impressionaria um pescador que durante toda uma vida conhece apenas o mar.
E as percepções? Como foram? Na verdade não são minhas, alguém já mastigou e entregou uma massa pronta para ser engulida, não me dão a oportunidade de refletir e dialogar, querem apenas que eu absorva suas idéias e concorde com suas soluções. Claro que prontamente obedeço, faço tudo, qualquer coisa, para não ficar alienado do mundo dentro do meu quarto sem poder sair, sem desfrutar de experiências...

22 de abr. de 2005

Primeiras Percepções

Desde o momento da concepção começamos com esse hábito de perceber, algo que é anterior a tudo. Isso nos define, define nossos ambientes, nossas relações. O que intento que toda esse colóquio inconsiso é apenas introduzir a minha idéia de relatar aqui nesse espaço virtual, aparentemente livre de censuras e manipulação alienígena, minhas percepções, sejam elas do meu pretérito imperfeito ou do meu presente fulgaz. Sendo um tanto "politiqueiro" agora, sintam-se a vontade de comentar e adicionar suas percepções às minhas.
Sinceramente não sei porque estou escrevendo como que para um público, acho que é apenas um vício do meu ego, mas apenas quero escrever, parecendo ignóbil ou sapiente, tanto faz, quero unicamente saciar minha sede por descarregar verbetes ignotas que não revelem nada mais do que eu espero revelar.

Depois Da Tempestade Vem Outra

Felizmente ou não, ulitmamente tenho tido bastante tempo para reflexões, talvez fosse isso a causa da febre, mas as coisas que se aprende quando se para e mundo continua são tão revoltantes que dá voltade de agredir algo ou alguém, mas não passa de uma vontade primata. A verdade é que me sentia deslocado, como a criança solitária na hora do recreio. O mundo, esse clubinho de pessoas sorridentes e perdidas tinha me deixado de fora. Isso pode deixar alguém louco, mas por outro lado pode me garantir uma visão totalmente livre de expectativas e influências, algo como uma visão naif, pura e renovada. Essa retomada aos paradigmas iniciais da vida possibilitaram novas escolhas de ideologias, rever conceitos analizar os parâmetros que regeram a vida até o presente momento. Mas no fim, me sinto o mesmo, aquela linda sensação de que "daqui para frente serei diferente" se esvaiu, como todas as outras vezes. Volto a me recordar das velhas percepções e sentir os limites caducos que criei me aprisionando de novo. Não fico triste, acredito que isso seja apenas o que tem de ser, posso ser preguiçoso de não lutar contra as velhas perspectivas mas o que realmente me oferecem as novas? Nada mais do que novas prisões e vínculos estúpidos a coisas e pessoas que rodeam o cotidiano. Pensar é bom, mas sinto falta de objetivos, pensar por pensar e continuar pensando é um tanto danoso, stressante e maléfico, essa coisa de ficar dissertando sobre tudo, todo, isso e aquilo, acho que foi isso que deu início a esse fim que obtenho agora. Por fim, nesse fim vindouro, que a muito espero mas do qual sempre temo e fujo, a única coisa que ainda me preocupa é saber: "Como foi que peguei essa merda de vírus!?!".

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