7 de dez. de 2006

Não é meu normal, mas vamos lá!

Não costumo fazer isso, tento sempre parecer o mais recluso e distante possível da realidade cotidiana da vida que todos nós levamos, mas eu também sou um ser humano, apesar da linguagem alienígena. Nesta semana, assisti pela primeira vez ao filme Diários de Motocicleta, e fiquei deslumbrado com a beleza da fotografia, da montagem e do roteiro do filme. É de tirar o fôlego todas aquelas paisagens andinas, principalmente dos takes executados em Machu Picchu.
Mas como sempre fui, e espero continuar sendo, crítico ao extremo, me entristeceu que a motocicleta não chegue ao meio do drama, afinal era uma Norton. Mas retomando ao que considerei importante, é impressionante a forma como é exibida a evolução da mente de Ernesto Guevara, não sendo ele ainda o "Che". Foi algo admirável o uso da narrativa que se baseia em um jovem comum, com sonhos comuns(vontade de conhecer o mundo, ver coisas diferentes, estar onde os pais não estiveram), mas que com o passar das situação e através das revelações, principalmente as percebidas durante sua passagem pelo Peru, que o mundo não era algo tão belo quanto ele mesmo tinha notícia.
O que me fascina é como a vontade de mudar o mundo tomou a mente de Guevara. Era algo que ele já tinha dentro de si quando criança, afinal todo médico, ao menos no início, pensa em sê-lo para ajudar ao próximo, mas que em vista às necessidades dos povos andinos foi incendiando a consciência dele. Pensar no outro, pensar na comunidade, pensar nos povos, o esquecimento do eu parece ser algo impossível para mentes moldadas por marketing e publicidade como a minha. Dane-se o outro, eu quero isso, é a frase mais corriqueira nas mentes imperializadas. Eu mesmo não escapei dessa linha de montagem, posso parecer o mais reacionário mas ainda guardo dentro de mim a vontade do consumo e de possuir objetos, coisas e até pessoas.
Que seja isso algo natural, mas que vai sendo exacerbado ao longo de natais ninguém pode dizer que não. Filantropia nos últimos dias não passa de limpeza mental, ou de uma forma de pagar menos impostos, ou ainda de uma manipulação da massa necessitada, como o que vemos nesses "Centros Comunitários" criados por candidatos a políticos ou outros crápulas.
Mesmo que não cheguemos a patamares de Ernesto "Che" Guevara, que hoje é idolatrado como Cristo, mas que possamos lembra que dentro de cada um existe a vontade de ajudar o próximo. Não há como o Brasil ser um país melhor se não houver equilibrio entre as classes, não quero dizer que devemos ser todos iguais, até porque aqui isso é impossível, digo que precisamos de uma sociedade onde os mais pobres não sejam explorados a ponto de se revoltarem e atacarem as outras classes por não visualizar outra saída.
Sociedade justa não é uma sociedade igualitária, e sim uma sociedade onde a indignação na subjulgue o respeito, tanto pelos outros quanto pela lei.

Nenhum comentário: